NON SERVIAM
Sou um estranho nesta terra
mas esta terra não é estranha em mim!
Não estou em minha casa nesta terra
mas esta terra porta-se como se, em mim, estivesse em sua casa!
Tenho nas minhas veias um copo cheio
de um sangue para sempre indiluível!
E sempre em mim o judeu, o lapão, oartista
procurarão sua afinidade sanguínea: na escrita pesquisar
no solo ermo fazer um desvio para a pedra sagrada
em veneração muda por uma coisa esquecida
cantar contra o vento: Selvagem! Negro! –
investir gritando contra a pedra: Judeu! Negro! –
for a da lei e submetido à lei:
preo na deles, na dos broncos, e no entanto
- louvada seja a minha lei – também na minha!
Assim tornei-me um estranho nestra terra
mas esta terra instalou-se em mim!
En não posso viver nesta terra
mas esta terra vive em mim como veneno!
Uma vez na rude Suécia
das breves, brandas, pobres horas
aí foi a minha terra! Era-o em toda a parte!
Aqui nesta Suécia estreitamente protegida
das longas horas bem nutridas
onde tudo é protegido das correntes de ar … tenh frio.
Gunnar Ekelöf: Antologia Poética. Tradução de Ana Hatherly e Vasco Graça Moura. Quetzal editors, Lisboa, 1992, p. 25
Some of the most appreciated poems by Gunnar Ekelöf on different languages.